domingo, 10 de janeiro de 2010

Sair, por ai..

Estávamos na varanda, um de frente ao outro. Me senti petrificada. Queria chorar.. mas era possível? Aquilo era possível? Eu nem tinha entendido ainda, nem tinha conseguido ouvir tudo.. O que ele tinha me dito? Ele disse..

- Eu costumava sair por ai a noite, nos bares a ouvir pássaros cantarem. Eu costumava dançar com você em meus pensamentos. Eu costumava sentir o gosto do amor quando pensava em ti. Eu sentia o cheiro de rosa no ar, quando não lhe via. Eu tinha minhas pernas a tremerem quando você falava comigo. Eu sentia meu coração disparar só ao ti ver. Eu gaguejava quando ia lhe dizer algo. Eu perdia meu sono a noite só pra ti imaginar de mil formas. Eu desenhava você em cada pagina do meu caderno. Cantava as canções que lembravam você. Escrevia seu nome cem vezes em um guardanapo. E decorava cada sorriso teu. Eu a abraçava constantemente. Eu queria deixar de beija-la para poder só lhe olhar.. Mas hoje, eu acordei e notei que não senti cheiro algum, além da minha meia suja. Não havia pássaros cantando e muito menos gosto bom em minha boca. O dia todo não pensei em nada além de que iria ter que vir aqui lhe dar alguma merda de satisfação para não passar por canalha. Eu dormi ontem com enxaqueca. E em meus cadernos só tem jogo-da-velha. Os guardanapos estão sujos. E a tremedeira é apenas a minha mal de Parkinson. E esse, é nosso ultimo beijo.

E me beijou.

Eu olhava pra ele. Sinceramente , havia humor em mim. Uma vontade imensa de rir. Mas eu o amava. Sim, eu sabia disso.

- Mas.. não há nada que eu possa fazer? Ou, o que é que eu fiz de errado?

- Você? Você não fez nada.

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